sexta-feira, 29 de julho de 2011

Sistema D1D6 - parte 3: Criação de Personagens

Como construir um Personagem?

Os jogadores escolhem uma pontuação para os personagens entre 1 e 10. Todos os Conceitos já começam com um valor igual a 2.

Basta escrever na ficha os Conceitos do seu Personagem e depois distribuir pontos entre eles até um máximo de 3 pontos, o que dá o nível máximo em um conceito que é 5.

Ex.: Bill é um sobrevivente de um apocalipse zumbi e decidimos que a pontuação dos personagens seria de 6. Eu decido que ele é Vendedor de Bebidas 4 (2pts), Ex-militar 4 (2pts), Boxeador 3 (1pt) e, Mora em Manhattan a 40 anos 3 (1pt). Total de 6 pts.

Se você precisar fazer um teste para o qual não possui um conceito adequado, ele será igual a:
2, se for possível que qualquer um realize essa ação;
1, se a ação envolver um conceito, incomum ou obscuro e;
0 (falha automática), se for algo muito raro o que seja julgado impossível.

O que é uma Fraqueza?

Fraqueza é uma característica como um Conceito, mas possui valor igual a 1. Se em algum momento sua fraqueza entrar em cena jogue o d6 e siga a Regra de Narração (parte 4). Fraquezas são interessantes, pois aprofundam o personagem, torna-o mais real. O melhor modo para descrever uma Fraqueza é com uma palavra-chave: escuro, fogo, altura. etc. Sempre que esta palavra estiver em cena e afetando diretamente o personagem, seus conceitos serão iguais a 1. Isso também ocorre se a Fraqueza faz parte da dimensão interna do personagem, como uma insanidade ou fobia. Nesses casos a Fraqueza pode ser forçada pelo narrador.

Possuir uma Fraqueza lhe concede + 2 pts de Criação.


Exemplos de Personagens:

HulK (Marvel) - 10 + 2 pts
Super Força 5
Regeneração
5
Imunidades 5
Resistência Mental
4
Resistência Mágica 3
Fraqueza: Inteligência

Timothy Hunter (Os Livros da Magia) - 3 + 2 pts
Mago Iniciante 3
Magos Aliados 5
Nerd 3
Fraqueza: Franzino
Haggard (Battlefield: Bad Company) - 5 + 2 pts
Explosivos 5
Membro B-Company 5
Soldado 3
Fraqueza: Piromaníaco
Vejo Vocês!


Fator ZH: Zumbis vs Humanos

Trecho do meu RPG Zumbis! que pode ser baixado AQUI!

Fator ZH: O Fator Zumbis versus Humanos (Fator ZH) mede a proporção entre zumbis e humanos no mundo. É um referencial para saber a situação em que se encontram os sobreviventes frente a ameaça da infecção.

ZH 1: os zumbis foram um incidente. Provavelmente um vaz
amento tóxico no cemitério, ou um vírus estranho liberado num navio cargueiro trouxe os zumbis. De qualquer modo este é um incidente afastado, a imprensa não tem acesso e consequentemente o mundo também não.

ZH 2: uma cidade inteira está tomada pelos zumbis. Um vírus mortal está se espalhando ou um feiticeiro maligno invocou as criaturas. De qualquer modo o acontecimento atraiu a atenção da mídia e o governo provavelmente vai interferir e não será da melhor maneira. O grupo pode estar sitiado num local da cidade e precisa escapar dela antes que seja destruída
.

ZH 3: 50% da população mundial está infectada. Os humanos e os zumbis lutam diretamente numa guerra que parece não ter fim. As autoridades estão confusão quanto ao plano de ação que devem tomar, e as repercussões de uma decisão mal tomada podem por em risco o futuro de toda humanidade.


ZH 4: a humanidade está perdendo. Apenas algumas comunidades de sobreviventes estão espalhadas pelo globo. Não existe mais leis, ou governos mundialmente reconhecidos. Os novos paradigmas são ditados pelos mais poderosos dentro de cada comunidade. Agora os humanos
fazem o possível para se manterem vivos e perpetuar a espécie, mesmo com tão pouca esperança de vitória à frente.

ZH 5: parece que nós perdemos. Milhões de pessoas mortas e outros tantos infectados. Os mortos vivos estão por toda parte. Os sobreviventes estão completamente isolados pelo globo, desejando apenas uma morte que não seja tão suja quanto ser destroçado pelas garras e dentes de dezenas de zumbis famintos. Não há salvação para a raça humana, o fim está próximo, e não parece haver mais nada depois dele.

Vejo Vocês!

A Essência do RPG

É incrível essa coisa de RPG né?! É um jogo extremamente democrático: podem jogar pessoas de todas as idades (pelo menos aquelas que não tiveram sua imaginação corroída por fatores psico-sócio-político-midiáticos), dos 5 sexos (!!!) e de vários níveis culturais, mas o fator que mais se destaca com certeza é a própria ausência do fator: "classe monetária".
Você pode gastar até R$ 1.000,00 com inúmeros suplementos de um único jogo, miniaturas, dados e Gadgets, ou passar uma tarde de domingo escrevendo algumas páginas sobre um modo de se contar histórias e usar apenas algumas folhas de papel, lápis e borracha, alguns dados de um velho jogo de tabuleiro ou talvez um baralho comum...
No final, independente do investimento que você tiver feito, aquilo que deve permanecer, o que há de mais importante, é uma história memorável. Não importa muito se é com um sistema genérico como Gurps e seu simulacionismo, se é com o Fiasco e suas histórias fechadas, com a simplicidade do Risus, ou aquele devaneio de números e dados que seu colega inventou. A história contada é e, sempre será a essência de qualquer RPG.
Quando você pára com seus amigos para lembrar de antigas sessões, você não entra em debates sobre como o sistema que vocês usaram afetou a história. Vocês falam SOBRE a história. Sobre os acontecimentos incríveis, as reviravoltas, sobre aquilo que não fizeram e poderiam ter feito, citam as "lendas lendárias", cotam vantagem para seu personagem e comentam as cenas de combate. É como se você estivesse jogando no Modo Reminiscência do Shadow of the Colossus. É tão bom quanto jogar de novo!


"- caraca... e aquela flechada que dei bem no meio da testa do gigante!"

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Sistema D1D6 - parte 2: Idéia do CGC

CGC, a sigla para Cenário, Gênero e Clima. Depois de meses de estudo, porque eu sou um estudioso... descobri que podemos criar mundos imaginários utilizando esses 3 conceitos básicos e muito simples. É um pequeno processo antes de se iniciar a contação de uma história.

O Cenário descreve aonde a história vai se passar, em que época, qual o nível tecnológico, a geografia, a história dentro da história.

O Gênero se assemelha aos gêneros do cinema: ação, aventura, terror, fantasia, ficção científica, etc.

O Clima diz como e, em que ritmo as coisas acontecem no Cenário. É subdividido em três categorias:
realista (as coisas acontecem como no mundo real);
realista-fantástico (as coisas são como no mundo real, mas há espaço para alguns exageros) e;
fantástico (quase sempre há exageros!).

Depois de traçar essas linhas gerais basta ir colocando serragem com cola nos buracos.

Ex: A Torre Negra de Stephen King.

Se passa num cenário fictício, totalmente original, mescla no mínimo três gêneros (western, fantasia e terror) e tem um clima realista-fantástico.

Outros Exemplos:

Mundo das Trevas
Cenário: O mundo real e atual.
Gênero: Terror Sobrenatural.
Clima: Realista.

Castelo Falkenstein
Cenário: Europa na Era Vitoriana e alta tecnologia a vapor.
Gênero: Fantasia, Romance Histórico, Ficção Científica.
Clima: Realista-Fantástico.

Herói (o filme)
Cenário: China Antiga.
Gênero: Artes Marciais, Intriga.
Clima: Fantástico.


Na parte 3: "A criação de personagens"

Vejo vocês!

O Sistema D1D6 - parte 1

Tenho uma obsessão a mais de 2 anos, que persegue durante todas as horas dos meus dias: criar um sistema simples, rápido e com foco narrativo. Eu crio muitos sistemas, muitos mesmo! Só não achava que devia ficar postando toda a porcaria feita de dados, números e histórias, que me viesse na cabeça.

Pois bem... mudei de idéia. Lendo Sartre hoje pela manhã me deparei com sua idéia de que a produção literária e artística... áááá... deixa pra lá! Resumindo, escrever para se compreender. Acho que me compreender através do design de jogos é muito pretensioso, mas entrei numa Virtual Insanity.. E como quero me libertar dessa obsessão, vou escrever.

Vai aí o D1D6.

O D1D6 é um meta-sistema narrativo, genérico, super simples, e de mínimos recursos. É um sistema de um dado de seis faces, o Sistema D1D6. E ele funciona a partir de Personagens compostos por Conceitos.

Mas o que é um Conceito V?

Conceito é aquilo que define como é um Personagem. Geralmente é dado por um adjetivo, substantivo ou título/profissão/raça/etc. como: Sedutor, Arqueiro, Espadachim, Louco por Naiane, Paladino da Justiça, Raio Ótico, Caçador, Príncipe, Ladrão, Escolhido, Chefe da Máfia, Nerd, Super-forte, Anão das Montanhas, Membro da Elite-X, etc. Um conjunto de Conceitos compõe um Personagem.

As linhas gerais para a criação de Conceitos está ligada ao sistema CGC, que será explicado na parte 2.


quarta-feira, 27 de julho de 2011

O Gigante Perdido

- Olha o gigante!

- Lá vem o gigante!

- As cabras! As cabras!

Todo o vilarejo desmoronava em mais um por do sol de terror e morte.

Os passos do gigante não chegavam a estremecer a terra, mas seus urros de insanidade e raiva faziam algo muito pior: crianças choravam paralisadas perdidas nas ruas, homens desesperados arremessavam pedras e lanças toscas em vão, mulheres choravam e corriam tentando salvar o que pudessem. Uma menina jovem de cerca de 16 anos se ofereceu nua ao gigante. Ele pisou nela deixando apenas um braço fino e torto à mostra. Nunca se teve notícia de um gigante maior em maldade.

Além dos ataques que se tornavam cada vez mais recorrentes, o gigante aparecia a cada nova visita com uma nova ferramenta de matar pessoas. Dessa vez ele trazia consigo um machado de proporção grande até para o tamanho dele. Uma lâmina de pedra lascada amarrada com dezenas de metros de corda num tronco de pinheiro da montanha. Sangue seco e escuro, trapos de pano e trapos de pele humana faziam uma decoração grotesca. Um velho tropeçou num cesto caído e o gigante cortou suas duas pernas, ele gritou. O gigante acertou sua cabeça, ele calou.

Ele pisava nos telhados das casas e matava quem estava dentro. Ele pisava em cestos e odres e matava quem estivesse dentro. Um garoto desceu pela corda de um poço, o gigante pegou uma pedra do tamanho quase exato da abertura e largou sobre ele. Outro tentava fugir em um cavalo com sua filha e esposa, mas o gigante tinha boa pontaria e seu machado voou sobre metade do vilarejo antes de despencar nos fugitivos. Ele comia as cabras, comia as pessoas que matava e comia as pessoas que pegava vivas.

Ninguém naquele vilarejo sabia, e nunca soube que, uma comitiva de cavaleiros e mercenários do reino havia caçado aquele gigante e, aquilo que nós diríamos ser sua mãe. Eles foram muito bem pagos, muitos viram, por sua coragem e audácia. Coragem e audácia. Mataram a mãe que estava dormindo numa caverna na montanha que ficava ao norte. Eles nunca tinham visto a criatura, ninguém parece, havia visto. “O filho” chegara depois do assassinato de sua mãe surpreendendo a comitiva de “caçadores”. Teve sua perna furada por homem forte com uma lança, mas esmagou ele contra o chão com seu punho. Depois, desesperado de dor e sofrimento, passou a perseguir cada membro da comitiva com seus pés e, só parou quando todos estavam esmagados contra o solo numa mistura de carne, metal, sangue e ossos.

O gigante dessa história, que ainda está vivo, nunca havia visto um homem antes daquele dia. Conta-se que a caçada foi empreendida, pois uma criatura de grandes proporções havia matado o cavalo favorito do príncipe. Não foi o gigante nem foi sua mãe, é fato. Mas isso não importa mais. A comitiva de cavaleiros foi morta, o castelo foi destruído e praticamente todos que viviam nele também foram mortos, inclusive a família real. Três vilarejos e outra pequena cidade já foram destruídos e seus moradores chacinados. Foi tudo um mal entendido. Mas gigante não quer saber, ele não pára, ele não fala, ele só grita, grita, mata e come. E ele está vindo para cá.

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